quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A arquitetura gótica espalha-se da Irlanda ao Oriente Próximo

O período denominado como gótico na História da Arte originou-se na Île-de-France
 e estendeu-se por toda a Europa: da Península Ibérica à Escandinávia, passando pela Irlanda,
pelas ilhas de Chipre e Rodes até o Oriente Próximo.
A arquitetura que veio a ser designada como "gótica" a partir da Renascença apresentou
características peculiares em cada país europeu, ao longo de seus quatro séculos de duração.
As influências românicas fizeram-se presentes até mesmo na apropriação de termos usados
pelos arquitetos românicos: abóbada, tímpano, arcos, entre outros. No entanto,
foram combinadas em uma nova ordem, ou seja, em um proveito inédito do espaço.
A catedral de Milão afastava-se da tradição clássica favorecida ao Sul da Europa,
 sobretudo na Itália.
A abóbada adotada na arquitetura gótica, e que constitui a característica principal deste 
estilo
 de construção, é a de nervuras. Esta difere da abóbada de arestas românica por deixar
 visíveis
os arcos que compõem a estrutura. O arco ogival, diferente do arco pleno românico, permitia
 a construção desse novo tipo de abóbada e também de igrejas mais altas. 
As ogivas acentuam a
 impressão de altura e verticalidade.
Durante o século XII, apesar de ainda predominar a arquitetura românica, surgiram as
 primeiras modificações arquitetônicas deste período. A abadia de Saint-Denis (São Dionísio),
 localizada na França e construída por volta de 1140-1281, é considerada o marco da 
construção
 gótica e possuidora de elementos que servirão como referência na classificação das demais
construções deste estilo.
A arquitetura gótica não almejou a obscuridade. O uso da luz e a relação entre estrutura
 e aparência são únicos nesta arquitetura: se, na igreja românica, a luz contrasta com a
substância táctil, sombria e pesada das paredes, na parede gótica a luz é filtrada através 
dela,
permeando-a, absorvendo-a, transfigurando-a. A verticalidade é outra propriedade do
 estilo gótico,
 que propicia sensações de ausência gravitacional.
Na fachada da abadia de Saint-Denis, os portais laterais eram continuados por torres.
Acima dos frisos que emolduram o portal central há uma grande janela e, acima desta,
outra chamada rosácea (grande janela circular enfeitada por vitrais), outro elemento
 característico destas construções. A cabeceira de Saint-Denis contava com pilares em sua 
construção,
que consistem em suportes de apoio dispostos em espaços regulares. Com o novo recurso
 não eram mais necessárias as grossas paredes para sustentar a estrutura, o que garantiu
 maior leveza às construções.
A nave central era merecedora de grande atenção entre os planejadores destas construções,
pois quanto
maior a altura desta, mais intensa seria a luz interior que, combinada aos vitrais conferia
 iluminação uniforme a todo o ambiente. Os idealizadores das catedrais entendiam a luz c
omo elemento místico. Desejosos em propiciar caráter divino às construções, os
 mestres-de-obras não tardaram em buscar incessantemente a substituição das paredes por
 vitrais.
As particularidades arquitetônicas do estilo gótico em cada país são evidenciadas nas
classificações dos historiadores, que costumam dividir o gótico em três ciclos: inicial,
quando se configurou o estilo;
 central, de expansão das formas góticas; e o final, dominado pelo gosto burguês.
Dentro desta classificação há ainda uma série de subdivisões em cada país, a fim de
assinalar a evolução da arquitetura gótica: na França, arte gótica primitiva, clássica,
 radiante
 (rayonnant) e flamejante (flamboyant); na Inglaterra, o gótico primitivo (early English),
 ornamentado (decorated style) e perpendicular (perpendicular style); na Espanha: gótico
 primitivo e estilo isabelino.
Na França, a Catedral de Notre-Dame apresenta elementos característicos da primeira fase
da arquitetura gótica. Foi construída por três corpos verticais separados por maciços
contrafortes,
sendo que há torres acima dos contrafortes laterais.




A tradição gótica ao Oeste e Sul da França não é tão notabilizada pelas influências da Ilê
 de France, mas sim orientais. No Oeste foi empregada a cúpula nervurada, importada da
Espanha árabe, onde cobria os mirabs das mesquitas. A Catedral de Angers foi assim
 coberta em 1150.
A evolução dos rendilhados determina algumas etapas deste estilo, como o perpendicular e
o flamejante. A arquitetura inicial apresentava janelas subdividas em duas lancetas, com
estruturas geométricas simples acima das mesmas (rosácea ou trifólio). Mais adiante a
 estrutura atinge maior complexidade e os traços afinam-se. Ao final, a tendência é a
substituição da simplicidade das formas geométricas por curvas que lembram chamas
(daí a classificação: gótico flamejante).
igreja de San Juan de los Reyes foi resultado da definição de um estilo tipicamente
espanhol: o isabelino. São marcantes os adornos, que remetem à união de características
árabes com a importação de elementos arquitetônicos nórdicos.
Já a Capela do King's College ilustra a sofisticação adquirida na construção das
 abóbadas de nervuras, apresentando abóbadas em leque, típicas do estilo perpendicula
r inglês do século XIV.
As últimas construções de estilo gótico (dentro do período cronológico estabelecido na
História da Arte, pois adiante será abordado o revival neogótico dos 
séculos XVIII e XIX) datam aproximadamente dos séculos XIV, XV e início 
do XVI. Neste ciclo final estão incluídos,
além das construções religiosas, os palácios urbanos.
A arquitetura civil gótica reflete a sociedade da época, quando a construção mais 
significativa
era o palácio ou residência senhorial, que podia adquirir funções de fortaleza. Os castelos
evoluíram bastante durante o período gótico, pois sua finalidade defensiva foi perdendo 
importância.
Tais castelos caracterizavam-se pela presença de fossos em seu redor, muros sólidos e 
torresque propiciavam a vigília: tudo para garantir o resguardo de seus moradores.
Utensílios religiosos, como retábulos (peças com motivos religiosos de pintura,
escultura ou ourivesaria, colocadas atrás do altar), cálices, cruzes, custódias e relicários,
faziam parte do culto das relíquias, largamente apreciado durante a Idade Média. Os vitrais,
paredes translúcidas compostas de vidros coloridos, além de decorarem majestosamente
 as igrejas,contribuíam com o ensinamento dos fiéis, através da representação de cenas 
bíblicas.
A Sainte-Chapelle, obra prima do gótico radiante, ilustra a interdependência entre arte, 
ideologia e espiritualidade,conceitos que, somados, definem a arquitetura gótica.
fontes: Carcasse

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